sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Devaneios mentais no supermercado...

Aparecendo novamente...
Saudações, caro visitante.

Após a boa acolhida que o início desta seção recebera, minha pessoa não vê motivos para que a mesma não ganhe seu segundo artigo com antecedência. O planejamento original era para a próxima segunda-feira, dia 24 de setembro. Contudo, não há muitas razões para que o texto não seja agora publicado.

Antes do mesmo, faço aqui os mais sinceros agradecimentos aos comentários recebidos aqui no NETOIN! Mais! e também às chamadas feitas por várias pessoas através do Twitter. Cada elogio, sugestão e crítica estão sendo devidamente analisadas. Espero poder corresponder cada auxílio recebido com muito carinho e responsabilidade.

Para hoje, reservo a pequena história de uma moça que trabalha como caixa operadora em uma rede de supermercados. É uma história fictícia com silhuetas da realidade. Fique à par de um pouco de seus pensamentos que, em realidade, se fazem presentes em boa parte da cabeça de quem é profissional desta área.

Tenha uma boa leitura e não se esqueça: opine com sinceridade.



#2 - Só com o dinheiro alheio...

Pelo que passa uma operadora de caixa...


Nos dias atuais, o ramo do comércio é um dos que mais contratam pessoas. Na maior parte dos casos, as vagas são para o chamado atendimento direto ao público, nas mais variadas formas que o mesmo pode vir à ocorrer. Com o ímpeto de querer trabalhar para ter o seu próprio dinheiro, uma jovem chamada Angelina resolveu apostar neste segmento e, com ele, ingressar no mercado de trabalho.

Com seus dezenove anos de idade e tendo o Ensino Médio completo, a Angelina precisa do dinheiro para poder fazer um curso pré-vestibular, pois seu grande sonho é de trabalhar na área da medicina. Sonho este que vem de longa data, de épocas onde brincar era tudo que ela precisava fazer. Não quer atrapalhar os pais, uma vez que a renda familiar é muito pequena e insuficiente para custear um curso preparatório realmente bom. Resolveu encarar a responsabilidade de frente.

O primeiro dia de trabalho de Angelina era aguardado com grande entusiasmo por ela. Muito embora os rendimentos iniciais não venham à ser tão atraentes, o simples fato de poder trabalhar e começar à perseguir o seu sonho era tudo de que ela realmente precisava naquele momento. A felicidade estava estampada em seu rosto...

E veio o tão aguardado dia. Angelina foi extremamente alegre para o seu local de trabalho. Ao chegar no supermercado foi encaminhada ao RH, para assinar a devida documentação, pegar seus uniformes e receber a integração básica juntamente com as outras pessoas que lá estavam à entrar naquele dia. Angelina havia sido contratada para ser operadora de caixa e, na sala de integração, pessoas que iriam trabalhar em outras funções trocavam experiências passadas e falavam de seus anseios no novo emprego.

Após ter recebido as instruções básicas (junto dos outros colegas) ela foi almoçar, pois já haviam se passado longas quatro horas. Neste período ela aprendeu sobre as normas da empresa e sobre o quê ela poderia ou não fazer ali, enquanto funcionária daquele estabelecimento. A hora de almoço demorou à passar, provavelmente pela ansiedade pessoal da moça ou pelos sonhos que ela alimentava em sua mente...

E lá foi Angelina, após ter terminado a sua refeição, para o setor conhecido por bateria de frente de caixa. A jovem foi apresentada ao seu supervisor imediato, assistentes (os fiscais de caixa) e demais colegas. Até aqui estava tudo em ordem. Em dado momento, um dos fiscais encaminhou a jovem para começar o seu treinamento prático com uma operadora mais antiga de casa, para que esta pudesse dar à Angelina o conhecimento necessário de operação na função.

Para a Angelina, a palavra determinação passou a ter um significado muito especial à partir de então...

A moça que estava à treinar a Angelina não o fazia por prazer, nem por coleguismo: fazia por obrigação. Aparentava ser alguém que estava "de saco cheio" daquele lugar e, em sua mente, reinava apenas o anseio de sair daquele lugar o quanto antes fosse possível. Estava ali fazia uns dois anos e jamais havia tido a oportunidade de crescer. Não suportava a ideia de pessoas mais novas do que ela serem promovidas à novos cargos. Não se sabe se a empresa não havia lhe dado uma oportunidade ou se ela é que era uma pessoa acomodada mas, na mente da Angelina, sua realidade pessoal (e a perseguição de seu sonho) falavam mais alto. Sendo assim, ela continuou a encarar a situação.

Passados dois dias, a Angelina já estava operando o caixa sozinha. Um misto de felicidade e preocupação rondava a cabeça da jovem. Isto tem um porque forte e determinante pois, durante os dias em que treinou com a sua colega mais antiga de casa, Angelina presenciou situações as quais ela tinha o maior temor em ter que encarar. Oportunidades que hora envolviam os demais funcionários, hora envolviam os clientes...

Ah, os clientes... Angelina havia visto, um dia antes de assumir o caixa sozinha, uma senhora agredir a moral de uma outra operadora pela razão dela não ter moedas de um centavo para fornecer de troco. Isto a havia deixado tão assustada que, em sua mente, passou à se criar toda uma situação de risco. Para ela, se tal coisa acontecesse, tudo que ela faria seria cair em lágrimas (ato este que pode mais prejudicar do que ajudar, dependendo da ocasião).

Para a jovem sonhadora, havia começado uma nova etapa de sua vida. Ela passou as primeiras compras em seu PDV (ponto de venda, ou caixa propriamente dito) com uma agilidade razoável para quem estava à iniciar no ramo. Além disto, a sua simpatia angariava elogios por parte de algumas pessoas que por ela eram atendidas. Angelina viveu primeiros dias de puro êxtase pessoal naquela empresa, pois se desenvolvia muito bem e queria seguir adiante, à qualquer custo.

Mas a inocência da Angelina tornou-se uma grande inimiga dela, em todos os sentidos...

Ela recebia elogios verbais e por escrito dos clientes, graças à sua humildade e simpatia no caixa. Angelina não era muito rápida, mas era notável o seu esforço em aprender mais e mais. Quando conversava com os colegas, ela falava do prazer que tinha ao contar para os seus pais sobre o dia no trabalho e notar a expressão de felicidade no rosto deles. Frases como "esta é a minha filha", constantemente entoada por seu pai, ressoavam em sua mente de forma constante, fazendo com que Angelina exibisse um sorriso franco e aberto "do nada".

Toda esta responsabilidade chamou a atenção de alguns colegas de trabalho que, evidentemente, não gostavam desta situação. Para importunar a Angelina e fazer com que a jovem perdesse o rumo, começaram à inventar boatos e escrever frases sobre ela no vestiário feminino. A jovem não entendia o porque de fazerem isso mas, por sorte, ela tinha alguns amigos ali dentro que a auxiliavam o quanto podiam. Mas isto se mostrou insuficiente pois, em um certo dia, conseguiram criar um clima nada favorável à moça na empresa.

Criou-se um boato sobre a Angelina que a colocava tendo um namoro sério com um dos fiscais de caixa, que tinha cerca de dois anos na Empresa e que, aparentemente, não se interessava por ninguém em especial lá de dentro. Este mesmo boato, que começou de forma similar à uma criança dando os seus primeiros passos, não demorou para ganhar a repercussão similar a de um importante acontecimento à nível global. O rapaz, que sempre a tratara bem (aliás, era assim que este fiscal tratava à todos no supermercado) não entendia de onde havia surgido tal boato, mas sabia que o mesmo colocava o emprego de ambos (dele e da Angelina) em alto risco.

Os dois estavam conversando no intervalo, como quem procurava achar um denominador comum para esta situação. A Angelina não conseguia conter as suas lágrimas, pois estava muito próximo de vencer a sua experiência de três meses e ela queria muito ali continuar. Preocupado e deixando o lado sentimental prevalecer (o que era justo), o rapaz ofereceu sua plena atenção para Angelina, que se pôs a chorar abraçada a ele. O rapaz dizia para ela ser forte e seguir adiante, enquanto passava as mãos no cabelo da jovem, acariciando-a.

Infelizmente, em meio à tal cena, apareceu a supervisora do setor. Com o boato tendo ganho tamanho poder, era óbvio presumir que os dois naquele estado chamariam a atenção, por mais que nada além de uma conversa e troca de atenção estava ali por se realizar. Ambos foram convidados para subir ao RH, onde uma dura e "violenta" conversa começou. Para a supervisora, já estressada por não conseguir contratar ninguém, estava na cara o relacionamento dos dois funcionários o que caracterizava, segundo as normativas da empresa, uma falha grave cuja punição seria a demissão.

O rapaz e a Angelina perdiam-se nos argumentos, por mais que não houvesse ocorrido nada de anormal. A Angelina, com cabeça em parafusos e cercada de incertezas, só conseguia chorar. A chefe do RH, intermediadora da situação, começou à ponderar sobre o que estava acontecendo ali e pediu pela presença do gerente da loja na sala. O gerente era alguém com larga experiência no ramo, estando há cerca de trinta anos atuando na área supermercadista. Não era a primeira vez que ele presenciava tal situação...

#CONTINUA...

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6 comentários:

  1. Olá! Mais um vez, um bom texto. Mas o primeiro, ao meu ver, é claro, é mais interessante. Principalmente por aparentar ser mais fantasioso, ter uma temática de conto mesmo. Este, tendo continuação, já parece algo mais 'difícil' de ler, ainda que seja uma boa retratação de cotidiano.

    Agora, sem questões de gostos ou tipo de narrativa, essa se torna uma leitura realmente boa. A única coisa que eu notei, Carlírio, foi o grande uso de acento grave onde acredito não existir, segundo a regra. No mais, tudo tranquilo! Continua de parabéns! =)

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  2. Saudações

    Lhe agradeço novamente, Caetano. Sim, eu preciso me atualizar de forma urgente com a nova regra gramatical, para não cometer mais erros ou ficar naquele impasse de [exagerar nos acertos].

    No mais, fico contente que tenhas gostado deste texto. Anseio que continues a acompanhar o prosseguimento da mini saga em que esta´a pobre Angelina...

    Muito agradecido, humildemente.


    Até mais!

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  3. Caraca, Carlírio, fiquei tensa aqui e me mordendo de curiosidade pra saber o que acontece. Principalmente porque é algo que me interessa muito, daqui a alguns anos estarei lidando com pessoas. Enfim, adorei e aguardo a continuação.

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  4. Saudações

    Amiga Roberta, o ramo do comércio é ótimo para ver estas situações em andamento. Lidar com pessoas, no teor da palavra, é lá mesmo...

    Mas fico muito feliz que tenhas gostado. Deverei publicar o prosseguimento nos próximos dias.

    Até mais!

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  5. Bom. . . o que dizer? Carlírio, eu gostei ainda mais deste conto do que do primeiro! Estou sendo bem sincera ao falar isto, acredite.

    Você já sabe, mas vale eu reforçar que esse gênero cotidiano, limpo de quaisquer elementos mais abstratos não é meu favorito, nem de perto. Mas eu vejo os seus textos como uma oportunidade de ver um estilo que pouco tenho contato e que me faz ter ideias diferentes também, o que é muito positivo pra mim como leitora. Mas saiba sempre que não tenho como dar palpites mais técnicos nisto...

    Enfim, eu gostei deste conto, acho que a narrativa em terceira pessoa fluiu melhor (narrar em primeira pessoa é sempre um problema, é o que se diz) e os acontecimentos ainda que rápidos, conseguiram demonstrar bem a situação da Angelina, coitadinha, no seu primeiro emprego e enfrentando sua primeira intriga feita por colegas.

    Continue este conto e traga muitos outros, pois é um estilo que lhe cabe bem. Estarei sempre aqui pra dar apoio e até algum dica que venha a precisar.

    Até breve!

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  6. Saudações

    Agradecido por sua importante ajuda, amiga Mazaki.
    Quanto ao conto, realmente tive uma inspiração que foi certeira. Até porque é a minha área profissional e lidar com pessoas, todos os dias, é desgastante e trabalhoso por demais...

    Mas a segunda parte do conto já está disponível (não a viste?).

    E sim, suas palavras sempre serão importantes. No que eu também puder lhe ajudar, assim o farei.

    Grato, amiga Mazaki.


    Até mais!

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